Homem carismático e impetuoso! Quando seu pai morreu em batalha, estava claro que seria ele a sucedê-lo na liderança do clã. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram… Além do sofrimento pela grande perda, encheu-se de dúvidas a respeito do rumo que a guerra entre as famílias tinha tomado.
A escolhida levantava-se impulsionada pela força daqueles olhos profundos, repletos de promessas… Bailavam…bailavam e enchiam os olhos da platéia com a dança sinuosa, cadenciada e passional de seus antepassados.
Passaram-se os dias e a sucessão se aproximava… Procurou por ela, Carmen, sua irmã de coração, amiga e confidente.
O que seria dele!…
Ele se adiantou, caminhando tranqüilamente até ela, segurou suas mãos firmemente, e olhando-a nos olhos, jurou que um dia iriam se encontrar novamente. Pediu que ela fosse portadora de suas palavras junto a seu povo.
Ele não os estava abandonando à própria sorte. Precisa fazer isso! Por eles! Estava indo em busca de um ideal, para que as gerações futuras não mais sofressem com tanto derramamento de sangue, tanta dor, tanto medo! Pediu que não chorasse e que mantivesse acesa em seu peito a chama da esperança! Num último gesto, tirou o punhal da cinta e entregou-o a uma Carmen atônita, seu objeto mais precioso, símbolo do sangue cigano que corria em suas veias.
Ela, Carmen, com o punhal cravejado de rubis às mãos, vendo Ivan montar o cavalo e se preparar para deixá-la só, sozinha com seus pensamentos, teve forças para levar o punhal aos lábios, beijá-lo e apertá-lo junto ao peito, em sinal de juramento eterno. E ali quedou-se, e permaneceu por um longo tempo, admirando a silhueta do homem e seu cavalo desaparecer ao longo do caminho e da mais completa escuridão…
Apenas Carmen o defendeu abertamente e por isso foi punida com o exílio. Sumiu no mundo sem deixar rastro, como se nunca tivesse existido! O cheiro de vingança pairou sobre aquela tribo de nômades… Um dia haveria sangue negro para aplacar o ódio que ia no coração de alguns, por terem sido enganados e ridicularizados abertamente por aquele homem-menino inconseqüente!
Foi solto e levado por aqueles homens a um casebre em ruínas afastado da cidade… Tamanha era sua alegria em ver o Sol, o rosto das pessoas, o som da liberdade novamente, que nada desconfiou, nada percebeu a cerca de seu destino…
Chegado ao local, foi preso novamente a grossas correntes, numa cela úmida e sem janelas, em total escuridão… Lutou pela vida bravamente, até que aceitou sua situação! Viu o ódio nos olhos daqueles homens, eram seus Vingadores. Num primeiro momento, revoltou-se. Mas depois, teve pena daquelas pobres criaturas que se deixaram consumir por sentimentos malditos!
A carnificina estava sendo executada afinal!